Chilique barbado na Câmara Municipal.
Estou profundamente desapontada. Para mim, não é nenhuma novidade que o parlamento constitua um acirrado campo de luta de classes. Esperava que o meu posicionamento claro no interior dessa luta, que é ao lado dos excluídos, encontraria reações exasperadas daqueles que advogam em favor dos interesses do capital, das elites. Sabia que também, no parlamento, os fracos de conteúdo e formulações claras fazem da agressividade sem limites a maneira de tentar fazer prevalecer suas posições confusas. Mas o que eu não esperava é que o despreparo emocional no embate de idéias pudesse ultrapassar os limites da civilidade. Essa semana, mais precisamente na última quinta-feira, confesso que fiquei impressionada com a forma com que um colega se dirigiu a mim, embora ele cotidianamente se comporte aos berros, com ofensas, com desrespeito e, principalmente, com muita agressividade no trato com os outros parlamentares, durante as sessões plenárias. Sim, de repente, esse homem, esse vereador que possui alguns mandatos e que deveria dar-se ao respeito, passou a me agredir além da linha do tolerável e da civilidade. Embora não me conheça, por eu ser jovem e mulher, ele me julga fraca, tola e tolerante.
Nunca havia sido alvo até então de “chiliques” de homens de fala grossa e corpulentos. Considero inclusive a gritaria histérica masculina a forma mais típica de homens covardes que agridem mulheres. Minha grande surpresa na Câmara foi ver esse baixo nível sendo utilizado aberta e orgulhosamente por alguns poucos colegas que estão transformando o “chilique” na sua principal forma de atuação política em plenário. Por não querer ou não conseguir explicitar suas opiniões de forma nítida, consciente e civilizada, o fazem de forma odiosa, com gritos de intolerância, autoritarismo e completo desrespeito às normas da Casa. Como se o recinto fosse somente dele e do seu nível. O que me impressiona ainda mais é bem pior: essa forma machista de agir ser bastante “normal” para alguns. Sim, porque isso não acontece só comigo nem é de hoje que essa é uma prática. Existe umacerta complacência de alguns vereadores com esse tipo de histeria no recinto da Câmara Municipal. Os argumentos da tolerância a esses comportamentos são do tipo: “Ah! Deixa pra lá!”, “Ah, ele é assim mesmo, não adianta...!” E vão se passando os anos e o desrespeito dos cidadãos em relação ao nosso legislativo aumenta com completa razão.
A lei Maria da Penha já alerta as mulheres que uma das formas mais comuns de agressão de homens covardes são os gritos possessos, descontidos, desequilibrados, que longe de demonstrar força, demonstra a fraqueza de quem o faz. Não podemos permitir que a atuação política firme seja confundida com a forma odiosa, com gritos de intolerância, autoritarismo, machismo e desrespeito completo às normas da nossa Casa de Leis. Debates e discussões calorosos fazem parte. Claro! Estamos em trincheiras diferentes, ainda bem! Somos de partidos diferentes, de ideais diferentes e defendemos bases e interesses de grupos diferentes. Isso é a democracia!
Contudo, o nível de discussão tem que estar à altura dos problemas de nossa cidade. No parlamento, não devemos analisar os projetos pelo seu autor, mas sim pelo seu conteúdo. Pedir vistas de projetos para conhecer ou acrescentar, concordar ou discordar é correto. Inclusive demonstra respeito com a população. Porém, não posso deixar de manifestar minha indignação com um colega, que, mesmo amparado pelo Regimento Interno da Câmara, tenha a atitude reprovável de pedir insistentemente por pura pirraça vista de todos projetos de autoria de vereadores da base do Prefeito. E foi por conta desse meu “atrevimento”, de criticar um antigo membro da Casa, que a ira dos “paladinos da verdade e da justiça” despertou e mais um freqüente “chilique” barbado foi lançado sobre mim. Não admito que qualquer vereador queira pensar por mim, me dar ordens ou tentar me intimidar. Não posso admitir também que venham tentar diminuir o meu trabalho para engrandecimento próprio. Não concordo nem compactuo com essa forma vergonhosa de convivência entre nossos parlamentares. Estou enojada. Chega de “chilique”, de desrespeito, de apego a pequenez de disputinhas pessoais. Precisamos de maior seriedade e melhor nível de debates na Câmara Municipal de nossa capital. Concluo com Elisa Lucinda: “é da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la com nossos minúsculos gestos ratos, nossos fatos apinhados de pequenezas, cabe a nós enchê-la, cheio que é o seu princípio.”
Nunca havia sido alvo até então de “chiliques” de homens de fala grossa e corpulentos. Considero inclusive a gritaria histérica masculina a forma mais típica de homens covardes que agridem mulheres. Minha grande surpresa na Câmara foi ver esse baixo nível sendo utilizado aberta e orgulhosamente por alguns poucos colegas que estão transformando o “chilique” na sua principal forma de atuação política em plenário. Por não querer ou não conseguir explicitar suas opiniões de forma nítida, consciente e civilizada, o fazem de forma odiosa, com gritos de intolerância, autoritarismo e completo desrespeito às normas da Casa. Como se o recinto fosse somente dele e do seu nível. O que me impressiona ainda mais é bem pior: essa forma machista de agir ser bastante “normal” para alguns. Sim, porque isso não acontece só comigo nem é de hoje que essa é uma prática. Existe umacerta complacência de alguns vereadores com esse tipo de histeria no recinto da Câmara Municipal. Os argumentos da tolerância a esses comportamentos são do tipo: “Ah! Deixa pra lá!”, “Ah, ele é assim mesmo, não adianta...!” E vão se passando os anos e o desrespeito dos cidadãos em relação ao nosso legislativo aumenta com completa razão.
A lei Maria da Penha já alerta as mulheres que uma das formas mais comuns de agressão de homens covardes são os gritos possessos, descontidos, desequilibrados, que longe de demonstrar força, demonstra a fraqueza de quem o faz. Não podemos permitir que a atuação política firme seja confundida com a forma odiosa, com gritos de intolerância, autoritarismo, machismo e desrespeito completo às normas da nossa Casa de Leis. Debates e discussões calorosos fazem parte. Claro! Estamos em trincheiras diferentes, ainda bem! Somos de partidos diferentes, de ideais diferentes e defendemos bases e interesses de grupos diferentes. Isso é a democracia!
Contudo, o nível de discussão tem que estar à altura dos problemas de nossa cidade. No parlamento, não devemos analisar os projetos pelo seu autor, mas sim pelo seu conteúdo. Pedir vistas de projetos para conhecer ou acrescentar, concordar ou discordar é correto. Inclusive demonstra respeito com a população. Porém, não posso deixar de manifestar minha indignação com um colega, que, mesmo amparado pelo Regimento Interno da Câmara, tenha a atitude reprovável de pedir insistentemente por pura pirraça vista de todos projetos de autoria de vereadores da base do Prefeito. E foi por conta desse meu “atrevimento”, de criticar um antigo membro da Casa, que a ira dos “paladinos da verdade e da justiça” despertou e mais um freqüente “chilique” barbado foi lançado sobre mim. Não admito que qualquer vereador queira pensar por mim, me dar ordens ou tentar me intimidar. Não posso admitir também que venham tentar diminuir o meu trabalho para engrandecimento próprio. Não concordo nem compactuo com essa forma vergonhosa de convivência entre nossos parlamentares. Estou enojada. Chega de “chilique”, de desrespeito, de apego a pequenez de disputinhas pessoais. Precisamos de maior seriedade e melhor nível de debates na Câmara Municipal de nossa capital. Concluo com Elisa Lucinda: “é da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la com nossos minúsculos gestos ratos, nossos fatos apinhados de pequenezas, cabe a nós enchê-la, cheio que é o seu princípio.”