sexta-feira, 28 de maio de 2010

Devaneios

"Há meros devaneios tolos a me torturar..."


Zé Ramalho

quinta-feira, 6 de maio de 2010

"Risadinhas"

É incrível o que pode provocar uma simples risadinha. Tenho recebido várias "risadinhas" ultimamente quando ao ser questionada se concorrerei às eleições desse ano digo que sim, que sou pré-candidata à Deputada Federal. Basta falar e a "risadinha" aparece assim, automaticamente. Claro que é bastante desitimulador. Era também quando lançamos minha canditatura à vereadora por Goiânia. A "risadinha" era ainda mais alegre porque para alguns significava que haveria mais uma cadeira vagando na Câmara Municipal de Goiânia. Claro, Euler Ivo era vereador desde 1982, sem perder nenhuma eleição e agora ele não seria mais candidato e lançaria uma filha em seu lugar. Uma ilustre desconhecida. Foram muitas risadinhas por muitos meses até a eleição.

Confesso que às vezes sinto muita dificuldade em continuar esse projeto político de candidatura à Federal. Não que achasse que seria fácil, mas o dia-a-dia é mesmo desestimulante.

Dias atrás fizemos algumas contas sobre o que seria necessário em termos financeiros para uma eleição de Deputada Federal. A cifra que chegamos com uma campanha modesta, sem compra de votos,ou seja, sem quantidade grande de contratações, foi de R$ 3,5 milhões de reais. Isso mesmo! R$ 3,5 milhões de reais jogando por baixo. É realmente um absurdo e impossível para uma candidata como eu.

Não sei se todos sabem mas a compra de votos hoje no Brasil é legalizada. Vou dar um exemplo. Funciona assim: o candidato tem direito de contratar inúmeras pessoas para trabalharem para ele na época de eleições. Na verdade esses contratados não precisam fazer quase nada. Basta votar e pedir uns votinhos na família. Daí o candidato calcula que se ele precisa de por exemplo 5 mil votos pra ser eleito ele contratra umas 8 mil pessoas esperando que pelo menos 5 mil pessoas das 8 mil contratadas votem nele. Ele contrata através de lideranças comunitárias, assessores etc. E daí, assim garante a eleição e mais: não deve nada a ninguém! Não deve mesmo! Ele comprou e pagou pelo seu voto! Voce recebeu e votou nele. Ele tem compromisso somente para com os grandes grupos econômicos que "investiram" o dinheiro para a "campanha" dele. Claro, ou voce acha que o dinheiro que ele conseguiu para contratar 8 mil pessoas foram de graça, próprios ou de um trabalho ou salário suado? Ele se torna representante de um grupo e precisa defender os interesses desse grupo depois ao fazer as leis no nosso país.

Bom, mas vamos lá. Com os R$ 3,5 milhões de reais eu ainda não estaria contratando muita gente não. Estaria mais dando estrutura pros que querem me apoiar no interior. Imagina que voce mora no interior e acredita e quer trabalhar para minha eleição. A campanha dura alguns meses e voce tem família e casa pra sustentar. Voce então pode até trabalhar pra mim mas, precisa de salário, de uma equipe para ir às ruas, de um carro de som para anunciar as reuniões, etc. Para garantir essa estrutura de trabalho precisa então de dinheiro, muito dinheiro já que são vários municípios.
Daí surgem as "risadinhas". Os que conhecem o mundo político sabe de que é preciso para uma eleição de federal. Não é fácil conseguir de 50 a 120 mil votos sem "estrutura". Na verdade é praticamaente impossível, né?

Bom, pode até ser. Mas diz um ditado que "Não sabendo que era impossível ele foi lá e fez!"

Continua...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

No muro

"Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar..."

Toquinho - Aquarela

terça-feira, 4 de maio de 2010

Lula na visão de Michael Moore

Michael Moore, aquele cineasta abusadamente consciente politicamente escreveu na revista TIME americana sobre Lula. Reproduzo aqui para vcs.

"Lula, 64 anos, era um verdadeiro filho das classes trabalhadoras da América Latina — na verdade, um dos membros fundadores do Partido dos Trabalhadores — que já havia sido preso por liderar uma greve.

Quando Lula finalmente conquistou a Presidência, após três tentativas frustradas, já era uma figura conhecida na vida nacional brasileira. Mas o que o levou à política, em primeiro lugar? Foi sua experiência pessoal de como os brasileiros têm que trabalhar duro para sobreviver? Foi ter sido forçado a abandonar a escola depois da quinta série para sustentar sua família? Foi ter trabalhado como engraxate? Foi ter perdido parte de um dedo em um acidente de trabalho?

Não. Foi quando, aos 25 anos, viu sua esposa, Maria, morrer durante o oitavo mês de gravidez, junto com o filho, porque não podiam arcar com cuidados médicos decentes.

Há uma lição aqui para os bilionários do mundo: deem ao povo boa assistência médica, e ele causará muito menos problemas.

E aqui está uma lição para o resto de nós: a grande ironia da Presidência de Lula — ele foi eleito para um segundo mandato em 2006, que se encerra no final deste ano — é que, enquanto ele tenta levar o Brasil ao Primeiro Mundo, com programas sociais como o Fome Zero, que visa acabar com a fome, e com planos para melhorar a educação oferecida aos membros da classe trabalhadora do Brasil, os Estados Unidos se parecem cada vez mais com o antigo Terceiro Mundo.

O que Lula quer para o Brasil é o que costumávamos chamar de sonho americano. Nós, nos Estados Unidos, em compensação, onde o 1% mais rico possui mais do que os 95% mais pobres somados, estamos vivendo em uma sociedade que está rapidamente se tornando mais parecida com o Brasil."

* Michael Moore é cineasta. Dirigiu Tiros em Columbine, Fahrenheit 11 de Setembro e Sicko — $O$ Saúde, entre outros filmes.