quarta-feira, 31 de março de 2010

Pedra e Planta

Gosto muito de Rubem Alves. Visito sua "casa" sempre e tenho também alguns de seus livros. Na ocasião da escolha de Joseph Ratzinger para Papa, Rubem Alves ficou triste. O Papa escolhido era um homem de verdades absolutas e imutáveis. Alguém que mora num mundo fora do tempo e, para quem habita a eternidade, as coisas do tempo não passam de equívocos a serem corrigidos.
Segundo a opinião de Joseph Ratzinger a Igreja Católica, por oposição a todas as outras igrejas cristãs e religiões, possui plenitude da verdade divina. Sim, somente ela. Ela é a "mestra" e por isso nada tem a aprender nem de outras religiões, nem de outras tradições cristãs, nem da ciência e nem da história. São então todo o "resto" somente "equívocos do tempo".
São perigosas essas pessoas que têm verdades absolutas e imutáveis. São frias, são mortas. Não estranham nada. Se adequam a qualquer lugar. São imutáveis, sempre as mesmas. Então, Rubem as chamam de pedras. Para as pedras tudo é igual, indiferente do mundo que as cercam. São sempre as mesmas. Mas as plantas são diferentes. Plantas estranham o ambiente, gostam ou não gostam dele. Estão vivas e por estarem vivas estão sempre se transformando em outra coisa, diferente do que são. A vida não suporta a mesmice. As pedras nem nascem, nem crescem, nem envelhecem, nem se reproduzem. São eternas. São sempre as mesmas. Mortas.
E as plantas? As pantas têm sementes. Semente é a vida se recusando a ser a mesma. É "deixar de ser" para "vir a ser". É mais frágil mas é mais forte. Tem vida.
E a vida? Ah, a vida tem horror à mesmice!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Renato Russo

"...a tempestade que chega é da cor
dos seus olhos: castanhos..."

domingo, 28 de março de 2010

Feminicídio

Feminicídio é o extremo da violência contra as mulheres. É um termo político utilizado para designar o crime cometido por um homem contra uma mulher a quem considera de sua propriedade e na maioria dos casos ele é praticado por homens que têm vínculo familiar ou afetivo com a vítima. Feminicídio é um problema grave na América Latina.
No Brasil mesmo com a implantação da Lei Maria da Penha ainda não podemos afirmar que os números de violência sexista em geral e de assassinatos de mulheres, especificamente, diminuíram. A existência dessa legislação específica fez com que um maior número de mulheres denunciassem os casos de violência. Não implica portanto no aumento do número de casos de violência mas sim do número de denúncias feitas.
Para erradicar a violênica contra as mulheres uma lei é importante mas não é suficiente. Faz-se necessário uma transformação profunda nas relações entre homens e mulheres. A violência sexista é um pilar da sociedade patriarcal que tem raíz no machismo e se expressa com a violência física e sexual, o assédio ou a exploração da indústria de prostituição e tráfico de mulheres.
Para acabar com a violência é preciso uma atuação concreta dos governos e do Judiciário com posturas firmes na prevenção da violência e punição dos agressores. Para nós, mulheres, a garantia da autonomia é fundamental. Nossa autonomia não passa somente pela autonomia econômica mas também por políticas públicas eficazes e permanentes para mulheres como a garantia de creches públicas de qualidade, descriminalização do aborto e combate à mercantilização dos nossos corpos seja na publicidade, no tráfico de mulheres e na prostituição.