quarta-feira, 31 de março de 2010

Pedra e Planta

Gosto muito de Rubem Alves. Visito sua "casa" sempre e tenho também alguns de seus livros. Na ocasião da escolha de Joseph Ratzinger para Papa, Rubem Alves ficou triste. O Papa escolhido era um homem de verdades absolutas e imutáveis. Alguém que mora num mundo fora do tempo e, para quem habita a eternidade, as coisas do tempo não passam de equívocos a serem corrigidos.
Segundo a opinião de Joseph Ratzinger a Igreja Católica, por oposição a todas as outras igrejas cristãs e religiões, possui plenitude da verdade divina. Sim, somente ela. Ela é a "mestra" e por isso nada tem a aprender nem de outras religiões, nem de outras tradições cristãs, nem da ciência e nem da história. São então todo o "resto" somente "equívocos do tempo".
São perigosas essas pessoas que têm verdades absolutas e imutáveis. São frias, são mortas. Não estranham nada. Se adequam a qualquer lugar. São imutáveis, sempre as mesmas. Então, Rubem as chamam de pedras. Para as pedras tudo é igual, indiferente do mundo que as cercam. São sempre as mesmas. Mas as plantas são diferentes. Plantas estranham o ambiente, gostam ou não gostam dele. Estão vivas e por estarem vivas estão sempre se transformando em outra coisa, diferente do que são. A vida não suporta a mesmice. As pedras nem nascem, nem crescem, nem envelhecem, nem se reproduzem. São eternas. São sempre as mesmas. Mortas.
E as plantas? As pantas têm sementes. Semente é a vida se recusando a ser a mesma. É "deixar de ser" para "vir a ser". É mais frágil mas é mais forte. Tem vida.
E a vida? Ah, a vida tem horror à mesmice!

1 Comentários:

Blogger Lian Tai disse...

Lindo texto...

31 de março de 2010 às 21:18  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial